segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Hora da Verdade!

Segundas eram horríveis, segundas de friozinho e chuva eram piores, mas segundas de friozinho e chuva depois de um feriado prolongado eram quase como tortura!
Marcelle levantou as 5h como sempre, as 7h deixou a filha na creche e as 8: 15h chegou no trabalho, as 16h saiu do trabalho, as 17h pegou a filha na creche e deixou na casa da mãe, as 18h entrou na faculdade, as 22:30 pegou a filha, já dormindo, na casa da mãe e seguiu pra casa. Tirando a vontade insana de voltar pra cama que a perseguiu durante todo o dia, aquela era uma segunda feira normal! Mas nenhum dia é igual ao outro, nunca!
Ao se aproximar de casa percebeu que havia um casal parado no portão, e ao perceber de quem se tratava pensou primeiro em passar direto, depois em passar por cima e nessa hora deu uma risada. Estacionou o carro no portão e desceu pra abrir a garagem, nem olhou pros dois que também permaneceram em silêncio. Voltou pro carro e enquanto o colocava na garagem ouviu Dayane dizer "Mas cadê a criança?". Marcelle encostou a cabeça no volante, respirou fundo, contou até 10 e depois até 20, tudo que mais queria é que a filha conhecesse o pai, mas não queria que ele a procurasse só porque a namorada estava com vontade de brincar de casinha.
Pegou a pequena no colo e com o coração apertado virou-se pro casal parado no portão: "Não posso ficar parada no sereno com a minha filha no colo, se vieram pra fazer algo além de ficar me olhando é melhor subirem." Deu as costas aos dois e subiu as escadas na esperança de que tivesse sido grossa o suficiente para que eles dessem meia volta e as deixassem em paz.
Colocou Letícia no berço e voltou pra sala onde encontrou os dois parados na porta da sala.
"Será que a gente pode entrar?" Dayane perguntou, tentando parecer doce.
Marcelle respondeu apenas com um gesto com as mãos, e enquanto os dois entravam sem jeito ela perguntou: "-Fecharam o portão?"
"-Não, a gente não sabia se você ia deixar a gente entrar" Novamente Dayane respondeu.
Sem dizer uma palavra, já que qualquer coisas que falasse seria ofensiva ela desceu as escadas e fechou o portão. Enquanto subia as escadas ouviu a voz de Leo a primeira vez "-Acho que é ciúme de você.".
Ela entrou em casa, fechou a porta e explodiu: "-O que vocês vieram fazer o que? Porque eu passei os últimos 16 meses sozinha com a minha filha, isso se não contar os 9 meses de gravidez! Gravidez essa que o senhor queria que eu interrompesse, lembra? Pois é! E agora vocês chegam aqui pra que? Se vieram atrás da minha filha pra brincarem de casinha as custas dela não vai rolar! Se o senhor fosse um homem responsável de verdade teria vindo conhecer a sua filha antes e não só quando a sua namoradinha tivesse vontade de brincar de ser mãe por algumas horas e antes de qualquer coisas esvazie esse seu ego, porque eu não estou com ciúme dessa moça, não tem nem porque eu ter ciúme dessa moça, dela eu tenho apenas pena, porque ela arranjou um moleque mimado pra namorar, um palhaço que não tem capacidade de assumir a filha que fez e que até nunca havia procurado a menina, um imbecil que usa a filha como meios de conquistar mulher!"
Ao acabar de falar ela deu um suspiro aliviado, estava se sentindo leve.
"-Acho melhor a gente ir embora então." Disse novamente Dayane.
"-Fiquem a vontade." Marcelle respondeu.

Marcelle ficou parada na porta até que os dois fechassem o portão, depois trancou a porta e se acabou de chorar!
As lágrimas eram uma mistura de raiva, alívio e medo. Afinal se Leo procurasse seus direitos, nos fins de semana ela perderia as 24 horas com a filha e isso era apavorante.

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